InícioDorUm manual para aliviar a dor

Um manual para aliviar a dor

Apesar dos analgésicos serem os campeões de venda entre os medicamentos sem necessidade de prescrição médica, eles devem ser usados com cautela e, acima de tudo, orientação. “Se administradas indiscriminadamente, as medicações inibem processos de analgesia naturais”, ressalta o neurologista José Geraldo Speciali, da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto.

Em outras palavras, entupir-se de comprimidos tende a resultar em um organismo cada vez menos capaz de aplacar, por si só, um sintoma doloroso.

“Pessoas que tomam analgésicos em excesso para controlar uma enxaqueca ironicamente correm um risco maior de desenvolver cefaleia crônica”  José Geraldo Speciali

São limitações como essa que abrem espaço para as saídas não farmacológicas, voltadas especialmente para as dores persistentes.

Ao ouvir a palavra crônico, é comum pensarmos em problemas que nos acompanharão para o resto da vida. Mas, diferentemente da diabete ou hipertensão, doenças que realmente fazem jus ao termo acima, as dores crônicas muitas vezes têm cura. “Elas nada mais são do que um mal-estar que aparece constantemente por mais de três meses. Mas, mesmo quando duradouro, ainda pode ser só sintoma de um transtorno qualquer”, informa Fabrício Dias Assis, anestesiologista da clínica Singular, em Campinas, no interior paulista.

Exercícios Físicos

Não há como negar que a genética carrega um papel fundamental no desencadeamento das dores de longo prazo. Contudo, controlá-las também está em nossas mãos. Na Dinamarca, cientistas do Centro de Pesquisas no Ambiente de Trabalho de Copenhague obrigaram 198 empregados de escritórios com tilts no pescoço e nos ombros a participar de uma ginástica laboral por só 120 segundos ao dia. “Vimos que essa intensidade mínima de exercício já relaxa os músculos e, com isso, afasta o desconforto”, revela Lars Andersen, líder do experimento.

Se uma pitada de atividade física contribui, dedicar minutos extras a caminhadas, corridas e outros treinos diminui ainda mais os sintomas. Primeiro porque uma musculatura forte resiste bem aos esforços do dia a dia e, logo, corre menos risco de ser sobrecarregada, fator associado ao surgimento dos piripaques doloridos. “Além disso, o sedentarismo compromete a produção pelo organismo de substâncias sedativas e que trazem bem-estar, como a endorfina e a serotonina”, completa Assis.

Só que os limites de uma pessoa acometida por dores, claro, merecem atenção especial dos profissionais de saúde. Afinal, se a atividade se tornar exacerbada, o benefício vai por água abaixo. “Uma intensidade alta demais ou até mesmo movimentos específicos podem desencadear sensações desconfortáveis. Isso é comum em pacientes com fibromialgia”, alerta Josimari Santana, fisioterapeuta da Universidade Federal de Sergipe e estudiosa dos meios de contornar essa doença que acarreta dores pelo corpo.

Sono

Agora, de pouco adianta suar sobre a esteira sem dormir bem. “Existem pesquisas provando que a privação das fases mais profundas do sono é um gatilho para dores musculares e de cabeça”, comunica João Batista Santos Garcia, presidente da Sbed. Essa estatística também tem a ver com o estresse decorrente de um período sobre a cama bem aquém do desejado.

Alimentação

Muito se fala sobre a influência do cardápio nas dores, principalmente nas que atingem a cabeça. “A escolha dos alimentos tem sua importância, mas, antes de mais nada, a pessoa deve se preocupar em não ficar sem comer por um período prolongado”, ensina o neurologista Mario Peres, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Um jejum por horas e horas geralmente termina em falta de glicose no sangue, também conhecida como hipoglicemia.  “A carência desse açúcar favorece a liberação de hormônios do estresse. Esses, por sua vez, provocam uma constrição dos vasos percebida pelos receptores de dor, culminando em cefaleia”, resume o nutrólogo José Alves Lara, da Associação Brasileira de Nutrologia.

Tipos de dores

Dor aguda

1) Pontapé inicial
Uma agressão, seja ela mecânica, química ou térmica, é percebida pelos nociceptores, tentáculos ligados aos nervos.

2) A viagem do estímulo
O nociceptor emite então um impulso elétrico que atravessa a medula espinhal e chega até o cérebro, acusando a dor.

3)
 Um remédio natural
Para interromper o sinal, a massa cinzenta produz analgésicos como a endorfina e envia uma mensagem relaxante aos nociceptores.

Dor crônica

1) Pane na central…
Por alguma razão, que pode ser genética ou ambiental, os neurônios ficam hipersensibilizados. Qualquer estímulo mínimo é interpretado como enorme desconforto. Ou, pior do que isso, as células nervosas passam a gerar dor sem nenhum motivo aparente.

2) …ou pane na periferia
O excesso de trabalho desnorteia nociceptores e seus nervos. Do nada, eles transmitem o sinal de que algo está errado ao cérebro. É dor na certa.

Tipicamente Feminino

Três representantes do sexo feminino convivem com uma dor crônica para cada homem com o mesmo tormento. “E o principal motivo dessa diferença está nas alterações vindas do ciclo menstrual. A oscilação dos hormônios femininos, por si só, já predispõe quadros como a enxaqueca”, avisa o neurologista José Geraldo Speciali.

Por Theo Ruprecht
Fonte: Saúde é Vital – Abril
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